VI. Conclusão A presente investigação contribuiu
para aprofundar o nosso conhecimento sobre a compreensão e a
atitude dos estudantes universitários sobre as drogas e o uso
destas. Passamos a apresentar a nossa conclusão sobre a realização
dos objectivos estabelecidos para a presente investigação.
1.
Investigação
para avaliação da compreensão e atitude dos estudantes
universitários sobre medicamentos em geral, incluindo os seguintes
pontos concretos: a) Conhecimentos
básicos e atitude sobre o uso normal de medicamentos; b) Métodos de
aquisição e consumo de medicamentos; c) Compreensão
e atitude sobre as drogas e medicamentos. Quanto a estes
temas de investigação, inquirimos os estudantes universitários
sobre o que fazem quando estão constipados ou com gripe. 20%
dos inquiridos responderam que iam ao médico, outros 35% responderam
que ficavam em casa a descansar e quase 35% disseram que tomavam medicamentos
que eles próprios compravam em farmácias sem prescrição
médica. No entanto,
quando estão gravemente doentes, a maioria prefere ir ao médico,
o que mostra que em caso de emergência, muitos inquiridos preferem
pedir ajuda médica.
2.
Investigação
para avaliação da compreensão e aceitação
dos estudantes universitários sobre as substâncias abusivamente
usadas (tais como tabaco, bebidas alcoólicas, drogas em comprimidos,
haxixe, heroína, etc.). Através da nossa análise,
descobrimos que os inquiridos têm diferentes atitudes de aceitação
em relação ao abuso de medicamentos. Quanto ao problema
de concordar ou não com o consumo frequente de bebidas alcoólicas,
cerca de 60% dos inquiridos revelaram que "não concordam em absoluto
ou não concordam" e de entre os quais, os que "não concordam
em absoluto" ocupam cerca de 25% e os que revelaram "sem opinião
a dar" ocupam 35%, o que mostra que a maioria (quase 60%) dos inquiridos
não concordam com o consumo de bebidas alcoólicas frequentemente.
É de notar que também há cerca de 6% dos inquiridos
que responderam "Concordo" ou "Concordo muito" com o consumo de bebidas
alcoólicas com frequência. Além disso, quando questionados
sobre a atitude que tomavam em relação a uma pessoa que
consumia bebidas alcoólicas frequentemente, quando tinham que
contactar com ela, cerca de 45% dos inquiridos responderam que estavam
dispostos a ser amigos não muito íntimo desta pessoa,
o que revelaram que só desejavam tê-la como amigo(a) comum. Quanto ao consumo de tabaco, 50% e
20% dos inquiridos responderam respectivamente "Não concordo
em absoluto" ou "Não concordo", o que significa que a maioria
dos inquiridos não apoia outros a fumarem. Quando lhes foi perguntado
que atitude tomariam se vissem obrigados a contactar com uma pessoa
que fumava frequentemente, cerca de 45% dos inquiridos responderam que
estariam dispostos a ser amigos dela; quase 20% deles disseram que só
estariam dispostos a cumprimentá-la quando a encontrassem na
rua. Esta última percentagem é de 10% superior à
que ocupam os inquiridos que tomavam a mesma atitude em relação
a uma pessoa que consumia bebidas alcoólicas com frequência,
resultado este que mostra que a atitude dos inquiridos para com os consumidores
de bebidas alcoólicas é mais tolerante do que para com
os fumadores. No que respeita ao problema de consumo
de drogas em comprimidos ou haxixe, há quase 80% e 10% dos inquiridos
que responderam, respectivamente, "Não concordo em absoluto"
e "Não concordo" que outros os consumam, o que mostra que a esmagadora
maioria dos inquiridos não concordam com o consumo de drogas
em comprimidos ou haxixe. Quando lhes foi perguntado qual a atitude
que tomavam para com uma pessoa que consuma estas substâncias,
quase 40% dos inquiridos expressaram não estarem dispostos a
ter nenhum contacto com ela; cerca de 30% deles só estavam dispostos
a cumprimentá-la quando a encontrasse na rua, e só 20%
expressaram estarem dispostos a ser "amigos comuns" dessa pessoa, proporção
que é 20% inferior à que ocupam os inquiridos com a mesma
atitude para com uma pessoa que fuma. Este resultado significa que os
inquiridos têm uma atitude muito mais tolerante com os fumadores
do que com os consumidores de drogas em comprimidos ou haxixe. No tocante ao consumo de heroína,
os inquiridos que expressaram "Não concordo em absoluto" ou "Não
concordo" representam respectivamente 85% e quase 10%. O número
dos que não concordam de forma alguma que outros consumam heroína
é 5% maior do que o dos que não concordam de forma alguma
que outros consumam drogas em comprimidos ou haxixe. Quanto à
atitude para com uma pessoa consumidora de heroína, cerca de
45% dos inquiridos expressaram "Não estou disposto a ter nenhum
contacto com ela" e quase 30% expressaram só aceitarem "cumprimentá-la
ao encontrar-se com ela na rua". Este resultado do inquérito
mostra que o consumidor de drogas em comprimidos é mais aceite
do que o consumidor de heroína.
3.
Investigação
sobre a situação de contacto dos estudantes universitários
de Macau com os medicamentos ou substâncias psicotrópicas
(tabaco, bebidas alcoólicas, droga em comprimidos, haxixe, heroína,
etc.), apurando-se o número dos estudantes universitários
de alto risco. a) Entre
os seus conhecidos, quantos consomem estas substâncias? b) Você
próprio também contactou com algumas destas substâncias? c) Se
a sua resposta for afirmativa, qual a situação do seu
consumo ou quantas vezes tem consumido? d)
Em que circunstâncias tem contactado com elas? Dirigindo-se a estes problemas, realizámos
o inquérito. Perguntas em concreto: Entre os seus conhecidos,
há quantos que consomem medicamentos ou substâncias psicotrópicas
(tabaco, bebidas alcoólicas, droga em comprimidos, haxixe, heroína,
etc.)? O resultado do inquérito mostra
que entre os familiares dos inquiridos, há cerca de 45% que fumam. Mais de 20% dos inquiridos responderam que
têm conhecidos que consomem comprimidos ou haxixe, e 8,5% dos
inquiridos responderam que têm conhecidos que consomem heroína,
o que significa que entre os inquiridos o número dos que têm
conhecidos que consumiu drogas em comprimidos ou haxixe é três
vezes maior do que o dos que têm conhecidos que consomem heroína,
mostrando que o consumo de drogas em comprimidos ou haxixe é
mais comum do que o consumo de heroína. Quanto à questão sobre se os
inquiridos que contactaram com medicamentos ou substâncias psicotrópicas
(tabaco, bebidas alcoólicas, comprimidos, haxixe, heroína,
etc.), o resultado do nosso inquérito é o seguinte: 85%
deles experimentaram bebidas alcoólicas, das quais se destacava
a cerveja. No tocante ao consumo de tabaco, cerca de 1/4 dos inquiridos
expressaram que já terem experimentado uma ou duas vezes, o que
ocupa cerca de 53% do total da população fumadora. Estes resultados do inquérito mostram
que o número dos inquiridos
que consomem bebidas alcoólicas ocupa a maior percentagem
e de seguida vem os inquiridos que consomem o tabaco. Cerca de 154 (4,2%)
dos inquiridos chegaram a consumir drogas em comprimidos, haxixe, heroína,
etc. Os que só consomem drogas em comprimidos, haxixe ou heroína
ocupam respectivamente uma percentagem de 3,4%, 2.7% e 1,5%. Entre os
inquiridos que consumiram drogas em comprimidos, haxixe, heroína,
etc., a maioria abusou dessas substâncias em discotecas, em salões
de Karaoke, em casa de amigos ou em sua própria casa, o que mostra
claramente que a influência que os amigos exercem sobre eles é
relativamente forte.
4.
Análise e síntese dos motivos conducentes a que
alguns estudantes universitários abusem de medicamentos ou substâncias
psicotrópicas (tabaco, bebidas alcoólicas, comprimidos,
haxixe, heroína, etc.). Da análise do inquérito,
verifica-se que a influência de amigos é também
um motivo fundamental que dá origem ao consumo de drogas.
O inquérito mostra que tanto os motivos por que alguns
estudantes universitários fumam ou tomam bebidas alcoólicas,
como os motivos por que eles consomem as drogas em comprimidos, haxixe,
heroína, etc. são, basicamente, a "influência de
amigos", "eliminar a pressão" e "procurar excitação".
Resumindo estes factores, constatamos que eles consomem estas substâncias
porque: (1) por influência de amigos e uma relação
relativamente má com seus familiares; (2) têm demasiada
energia. Sobre a primeira razão, esta é apoiada pelos
seguintes dados: As pessoas que consomem essas substâncias acham
por um lado que a influência dos amigos é a razão
fundamental e por outro revelam que a razão se deve às
más relações com a sua família. A par disso,
as pessoas que consomem essas substâncias muitas vezes não
participam em actividades extra-escolares, sendo esta a informação
que apoia a segunda razão. Todos estes resultados da investigação
são quase iguais aos da «Investigação sobre
os Jovens e a Droga em Macau».
5.
Análise da relação entre o abuso de drogas
por partes de estudantes universitários e o meio envolvente,
especialmente as influências positivas e negativas provenientes
das famílias e escolas. Tanto os inquiridos fumadores como os consumidores
de drogas em comprimidos, haxixe, heroína, etc. têm as
seguintes características comuns: Mantêm relações
relativamente más com seus pais e irmãos; assim como com
seus colegas de estudo; têm familiares que fumam; têm conhecidos
que consumiram drogas em comprimidos ou haxixe, não são
aceites por seus amigos, etc. Em resumo, desejamos que, no futuro, tendo
em conta os supracitados motivos conducentes ao consumo do tabaco e
abuso de drogas, o governo possa elaborar políticas tendentes
a mudar a actual situação que leva alguns estudantes universitários
a fumarem ou abusarem de drogas. Em conclusão, queremos reafirmar
o ponto seguinte: Todos os resultados da presente investigação
são semelhantes aos da Investigação
sobre os Jovens e a Droga em Macau. |