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Capítulo V  Avaliação e Propostas sobre o Serviço de Tratamento da Toxicodependência

 

Não é fácil avaliar a praticabilidade do processo do serviço de tratamento da toxicodependência e a sua eficácia real, principalmente porque: (1) é preciso um mecanismo completo de avaliação estandarizado, incluindo as variáveis de tratamento completas (treatment variables), o que ainda não existe; (2) É difícil tirar os grupos de comparação; (3) É difícil concretizar ao mesmo tempo os dois factores - o "controlo" (control) e a "aleatoriedade" (randomization) no âmbito da avaliação. Por outro lado, os chamados "indicadores de avaliação" (evaluation indicators) são demasiado superficiais e numéricos. Para efeitos de avaliação são utilizadas geralmente a taxa de recaída, a taxa de emprego, a taxa de criminalidade, a taxa de participação no processo e a taxa de desistência, etc.. É raro analisar as "variáveis intermediárias" (intermediate variables) que dão origem a esses fenómenos, nomeadamente a atitude perante o trabalho, grau de esforços feitos para as mudanças e os sentimentos quanto às experiências vividas no processo de reabilitação, cuja avaliação permite apurar o resultado dos trabalhos feitos pelas instituições em causa no sentido de transformar o interessado. (Performance indicators ideally should be focused on outcome and impact of the programmes, rather than on input and output). Como cada toxicodependente tem personalidade própria, é difícil adaptar os modelos de reabilitação em função das diferentes necessidades dos toxicodependentes. Por isso mesmo, muitos modelos de tratamento não resultaram, o que é devido tentamos ao facto de nós procurarmos obrigar grupos de diferente natureza, de diferente tipo e com necessidades distintas (heterogeneous group) a alcançarem os mesmos objectivos (homogeneous goals). A par disso, os "indicadores de performance" (performanca indicators) são geralmente definidos pela própria instituição e não pelos utentes do serviço, o que põe em causa a credibilidade.

 

Apesar de tudo isso, desejamos avaliar a partir de diferentes ângulos os resultados do serviço de tratamento no actual ambiente de Macau. Neste capítulo vamos apresentar algumas propostas viáveis, através da avaliação dos seguintes aspectos:

 

(1)                Beneficiários do serviço: Através dos inquéritos aos 108 toxicodependentes em tratamento, os 106 consumidores de drogas na rua e o grupo de foco, foram ouvidas suas experiências e opiniões sobre o serviço de tratamento. Por outro lado, poder-se-á efectuar estudo sobre as suas necessidades reais;

(2)                Opiniões das instituições que adoptam diversos modelos de tratamento e dificuldades que enfrentam;

(3)                Papel do Governo na prestação do serviço de apoio a toxicodependentes e a direcção a seguir para o seu futuro desenvolvimento.

 

 

(ii)                 Funções dos Diversos Modelos de Tratamento35

 

Incluem o serviço de tratamento voluntário na Consulta Externa, o internamento em lar e Unidade de Tratamento de Reclusos Toxicodependentes no Estabelecimento Prisional de Macau:

 

(1)    Consulta Externa da Divisão de Tratamento e Reinserção Social:

Aberta ao público desde Outubro de 1991. Destina-se aos utentes de ambos os sexos que pedem voluntariamente o apoio de tratamento e responsabiliza-se pelo acompanhamento dos casos transferidos pelo tribunal. Os seus serviços incluem:

(i)        Tratamento da toxicodependência e acompanhamento de casos: A Consulta Externa é um "Centro de Tratamento Especializado". Presta serviços através de uma equipa de profissionais composta por assistente social, psicólogo, médico psiquiátrico e enfermeiros. Os serviços prestados concretamente incluem a avaliação de tratamento, a abstinência fisiológica do vício (adoptando medicamentos para o alívio os sintomas do vício), o aconselhamento emocional e superintendência das condutas, apoio económico, cuidados médicos, reconstrução familiar, reinserção social, etc.

(ii)      Linha "hotline" aos pedidos de informações sobre o tratamento: Aberta ao público em Fevereiro de 1999.  Os serviços prestados incluem a prestação de informações que os toxicodependentes, seus familiares ou amigos e demais instituições/associações eventualmente pedem; encaminhamento dos casos quando necessário; e intervenção de crise quando hajam casos de emergência.

(iii)  Serviço de transferência: Depois de os utentes terem conseguido largar o vício, os assistentes sociais de aconselhamento vão fornecer-lhes, conforme as suas necessidades, serviços de apoio, incluindo a orientação profissional, assistência médica gratuita e  transferência para o ingresso em lares particulares, residências temporárias ou organizações de apoio autónomo e apoio mútuo (como a Associação Renovação e Apoio Mútuo de Macau).

 

(2)     Instituições particulares de tratamento e reabilitação (subsidiadas pelo IAS):

(i)       Desafio Jovem (Secção Masculina): Criada em 1987, funciona na Ilha de Coloane. De crença cristã, apoia os consumidores de estupefacientes e alcoólicos. Os interessados podem dirigir-se à secção do serviço extensivo ao exterior no bairro de Iao Hon da Areia Preta apresentar o pedido oral, deferido o seu pedido, podem ingressar no centro de tratamento evangélico depois de um exame físico. A instituição conta com vários pastores que assumem a missão de aconselhamento bíblico, 2 empregados internos e 2 empregados auxiliares, 1 empregado de serviço extensivo ao exterior e 1 voluntário. Possui de uma lotação de 14 vagas e organiza o curso de aconselhamento com uma duração de pelo menos um ano, que se divide em três etapas: (a) abstinência do vício: não se administra medicamentos aos utentes, mas o médico fornece medicamentos para aliviar os sintomas do vício quando necessário e também contam com ajuda de ex-toxicodependentes com boa conduta para os acompanhar e cuidar deles; (b) reabilitação: Os utentes têm que participar nas actividades organizadas pela instituição, frequentar os cursos de formação profissional (por exemplo, na oficina de reparação de automóveis) e estabelecer o objectivo justo da vida através da participação na formação bíblica; (c) reinserção social: A instituição possui de uma residência temporária e uma oficina (de lavagem e reparação de automóveis), coloca os utentes na oficina de lavagem de viaturas anexa à residência temporária, apoia os utentes a reintegrarem-se na sociedade e a participarem em actividades da Confraternidade Cristã.

 

(ii) Desafio Jovem (Secção Feminina): Criada em Abril de 1995, a Secção fica na Est. do Alto de Coloane. Adopta o mesmo modelo de tratamento evangélico que o adoptado pela dita Secção Masculina. Baseando-se na crença em Jesus Cristo, ajuda os utentes a restabelecer o objectivo justo da vida. O curso organizado pela Secção dura um ano, dividindo-se em três etapas: a abstinência; a reabilitação e a reinserção social. A Secção possui vários pastores que assumem a missão de aconselhamento bíblico, 2 empregados internos, 2 voluntários e 1 empregado do serviço extensivo ao exterior. Mas, desde a sua abertura, enfrenta sempre dificuldades múltiplas nos aspecto da estabilidade dos seus trabalhadores e do recrutamento dos utentes.

 

(iii)Associação Reabilitação de Toxicodependentes de Macau (ARTM): A Associação-Mãe desta instituição foi fundada em Portugal em 1990, prestando apoio a toxicodependentes através do modelo de "comunidade terapêutica". Em 1993, foi criada em Macau o Ser Oriente - Associação Reabilitação de Toxicodependentes (abreviadamente designa-se ART). Tendo mudado para a ilha de Coloane em 1999, a instituição tem capacidade para 16 utentes do sexo masculino e 2 do sexo feminino. Posteriormente foi redenominada de "Associação Reabilitação de Toxicodepentes de Macau" (ARTM). No início de 2002 deixou de funcionar e pouco tempo depois da sua re-estrutura, recuperou o seu funcionamento, mas anulou a sua missão de apoiar utentes do sexo feminino. Actualmente conta com 5 empregados internos e 1 assistente social. Por meio de aconselhamento colectivo e individual e através do internamento de 12 meses, ajuda os utentes a cumprir o processo de reabilitação. Além disso, a instituição ainda organiza com os utentes um treino preparativo de 3 meses para a reinserção social. Geralmente, cobra Mop$1.000 a cada utente, excepto os casos especiais. Nos últimos anos tem ampliado o seu âmbito de trabalho, incluindo a emissão de panfletos, a instalação de postos de informações sobre a prevenção, o envio de utentes recuperados para contar suas experiências em palestras organizadas por algumas escolas, a organização semanal do intercâmbio de experiências entre seus utentes e membros da Unidade de Tratamento de Reclusos Toxicodependentes do Estabelecimento Prisional de Macau e o desenvolvimento regular de actividades no Instituto de Menores.

 

(iv) Confraternidade Cristã Vida Nova: Foi criada em Junho de 1996 e em meados de 1997 aumentou o serviço de reabilitação por internamento no lar. A sua sede fica num edifício residencial da comunidade da Areia Preta na zona norte de Macau e foi instalado nas suas proximidade um escritório do serviço extensivo ao exterior, encarregado dos assuntos relativos ao registo sobre o tratamento da toxicodependência. Sendo a crença católica como princípio do seu serviço, a Confraternidade possui uma lotação de 12 vagas mas só admite utentes do sexo masculino. O período de tratamento e reabilitação por internamento no lar é de um ano, dividindo-se em 4 etapas: reabilitação física (3 meses); reconstrução da personalidade (reconstrução ideológica, incluindo a vida católica); preparação para a reinserção social (5 meses depois do ingresso no lar, o utente pode sair e visitar sozinha familiares, amigos ou médicos durante 4 horas por semana; reinserção social (de manhã sai para trabalhar e à noite volta para instituição; ou de manhã participa no treino organizado pela instituição e à noite volta para casa). Além disso, a Confraternidade ainda presta o serviço de acompanhamento a todos os reabilitados que tenham saído do lar; se dentro de 6 meses não haver a recaída, será considerada bem sucedida a sua reabilitação. De entre os 6 empregados da instituição, 3 são trabalhadores experientes em tratamento e reabilitação. No aconselhamento psicológico, além de um pastor, há ainda um assistente social.

 

(v)Casa de Reabilitação (Residência Temporária): Foi fundada em Março de 2001. O Instituto de Acção Social fornece-lhe as instalações, apoio técnico e financeiro , a Confraternidade Cristã Vida Nova é responsável pela sua gestão. Tem uma lotação de 8 a 10 vagas e todos os reabilitados da toxicodependência, através da transferência da instituição/lar relacionado e depois do exame físico, pode ingressar na Casa, que conta com 2 trabalhadores a tempo inteiro (um responsável e um administrador) e 3 trabalhadores a tempo parcial (1 pastor, 1 assistente social e 1 secretário) e 1 voluntário (reabilitado da toxicodependência). O conteúdo do serviço inclui a formação profissional (actualmente estão instalados estágios de lavagem de viaturas, limpeza e reparação), o curso de educação básica para os utentes jovens (curso secundário complementar), o curso de interesse (como o de guitarra e de música ocidental), reunião com os familiares, o fornecimento de informações sobre o emprego e outros tipos de ajuda. Além de que, ainda organiza actividades amistosas, internas e externas, com os utentes da Confraternidade Cristã Vida Nova.

 

(vi) Associação Renovação e Apoio Mútuo de Macau: Fundada em Março de 2000, é uma organização não lucrativa de apoio autónomo e apoio mútuo, beneficiária do apoio do Instituto de Acção Social nos aspectos de recursos e técnicas especializadas. Tem por objectivo reunir, através da organização de actividades recreativas e desportivas e de serviços sociais, os reabilitados da toxicodependência, apoiá-los a reintegrarem-se com sucesso na sociedade, recriarem a autoconfiança e manterem uma boa conduta. Actualmente, a Associação conta com mais de 80 membros registados e outros mais de 30 membros activistas. Para ajudar alguns membros a resolver o problema de emprego, foi recentemente criado "Equipa de Obras", que pode assumir os trabalhos de transporte, limpeza e reparação doméstica. A fim de melhorar a sua gestão, recentemente o Instituto de Acção Social enviou a esta instituição um novo assistente social, para ajudar o encarregado executivo (que é reabilitado experimentado) a tratar os assuntos da Associação, incluindo o recrutamento de novos membros, a participação em serviços sociais, o funcionamento da "Equipa de Obras" e o aconselhamento individual a membros da Associação.

 

(3)     Unidade de Tratamento de Reclusos Toxicodependentes no Estabelecimento Prisional de Macau: O Estabelecimento Prisional de Macau é a única prisão de Macau, com o objectivo de fazer com que os reclusos possam reintegrar-se numa nova vida tanto na prisão como depois de terem sido postos em liberdade, prestar aos reclusos os serviços de aconselhamento psicológico, cuidados médicos, formação profissional e educação básica, organização de actividades de recreação e desporto. Além disso, o Estabelecimento Prisional também trata os reclusos com experiências de abuso de estupefacientes no passado. Nele há mensalmente 860 reclusos, dos quais 20% são presos com experiências de consumo de drogas. Em 1977 criou a Unidade de Tratamento de Reclusos Toxicodependentes, com uma lotação máxima de 20 vagas e os reclusos toxicodependentes do sexo masculino podem pedir a incorporação. O trabalho da Unidade é principalmente da responsabilidade de 2 técnicos que assume a orientação profissional e promove o desenvolvimento de outras acções, tais como o seminário, curso de interesse, curso de informática e actividades desportivas. A Unidade ainda fomenta os reclusos toxicodependentes a passarem com êxito a etapa de abstinência do vício, com o apoio dos seus amigos. As suas actividades são financiadas pelo Departamento de Reinserção Social.

 

(4) Serviço de Psiquiatria do Centro Hospitalar Conde de S. Januário (Equipamento de tratamento médico): Está subordinada aos Serviços de Saúde, que desde 1993 envia regularmente médicos psiquiátricos para o Serviço para apoiar a Divisão de Tratamento e Reinserção Social no seu trabalho de tratamento por consulta externa, para apoiar o Estabelecimento Prisional de Macau no tratamento médico dos reclusos toxicodependentes e no tratamento das co-morbosidades causadas pelo consumo de drogas. Tendo em conta o facto de alguns desses toxicodependentes precisarem de permanecer no hospital e receber tratamento durante 24 horas, o Serviço de Psiquiatria do Centro Hospitalar Conde de S. Januário atribui 7% da sua lotação para o seu acolhimento e tratamento. Além disso, para os toxicodependentes com problemas mentais, o Serviço de Psiquiatria também pode prestar-lhes o serviço de tratamento e acompanhamento consequente. Entretanto, o Laboratório de Saúde Pública, subunidade dos Serviços de Saúde, presta o serviço de exame e análise de diversas doenças, incluindo a SIDA, hepatite e doenças venéreas, aos utentes antes de serem internados no hospital, transferidos pelas instituições interessadas. Os Centros de Saúde dispersos pelas diversas zonas de Macau também ajudam gratuitamente os toxicodependentes necessitados a tratarem as formalidades relativas ao certificado de assistência médica e a resolverem os problemas relativos ao tratamento médico.

 

 

II. Resultado da Avaliação dos Actuais Equipamentos de Tratamento

 

A presente investigação realizou-se entre Março e Junho de 2002. Durante este período inquirimos, por questionário, 108 toxicodependentes que estavam a receber tratamento de diversos modelos, pedindo-lhes que exprimissem suas impressões gerais sobre a gestão e funcionamento dos equipamentos/instituições de tratamento. Com base nas nossas experiências do passado, a avaliação das instituições no questionário divide-se em duas partes:

 

(1)           Instalações de tratamento da Consulta Externa e situação do seu funcionamento:

A avaliação refere-se a:

 

Instalações de consulta externa

a.        equipamentos de tratamento para a abstinência do vício, com consulta externa (internamento a curto prazo)

b.       Campos e instalações para os exercícios físicos durante a  reabilitação

c.        Concessão de lugares para a prestação da educação social, aconselhamento profissional, visita de familiares no intuito de se efectuar aconselhamento individual ou em grupo

d.       Internamento a curto prazo no fim da abstinência do vício

e.        Fornecer lugares para a prestação do serviço de aconselhamento consequente e educação social por parte do Complexo de Apoio de Toxicodependentes e para o desenvolvimento de actividades de reunião, após os utentes terem alta do período de internamento na instalação.

f.         Acessos ao serviço extensivo ao exterior

 

Funcionamento da Consulta Externa

a.        Distância entre a clínica e a casa/grau da facilidade dos meios de transporte

b.       Horário da clínica

c.        Ambiente/situação higiénica da clínica

d.       Tempo de espera

e.        Atitude do serviço dos trabalhadores

f.         Situação do serviço médico (incluindo a eficácia dos medicamentos na fase de abstinência e o acompanhamento médico após a saída do hospital)

g.       Medidas de segurança na Consulta Externa (por exemplo, proibição de trazer ilegalmente drogas, álcool, etc.)

h.       Serviço de acompanhamento consequente no fim da abstinência do vício (incluindo apoio de emprego e formação profissional, colocação de internamento, apoio económico, treino de prevenção da recaída, melhoramento da relação familiar, educação comunitário, etc.)

i.         Outros serviços complementares de fornecimento de recursos sociais (incluindo creches e atribuição de habitação, etc.)

 

 

(2)      Instalações e funcionamento dos lares:

A avaliação refere-se a:

 

Instalações dos lares

a.     Equipamentos dos lares para tratamento da abstinência do vício

b.    Campos e instalações para os exercícios físicos durante a reabilitação

c.     Instalações de tratamento e trabalho durante a reabilitação

d.    Instalações para o sexo masculino e feminino

e.     Instalações de actividades recreativas e desportivas durante a reabilitação

f.      Lugares para a prestação dos serviços de educação social, orientação profissional, visita de familiares e realização do aconselhamento individual ou em grupo

g.    Lotação das camas da Residência Temporária de satisfazer a necessidade dos reabilitados que tenham alta do período no hospital/lar

h.    Grau de facilidade de acesso ao serviço extensivo ao exterior

 

Funcionamento dos lares

a.        Grau da facilidade dos meios de transporte (para a visita de familiares)

b.       Tempo necessário de internamento no lar

c.        Ambiente/situação higiénica do lar

d.       Tempo de espera

e.        Atitude do serviço dos trabalhadores

f.         Situação do serviço médico (incluindo a eficácia dos medicamentos durante a abstinência e o acompanhamento médico após o utente detido alta do período no hospital)

g.       Medidas de segurança no lar (por exemplo, proibição de trazer ilegalmente, drogas, álcool, etc.)

h.       Serviço de acompanhamento consequente no fim da abstinência do vício (incluindo apoio de emprego e formação profissional, colocação de internamento, apoio económico, treino de prevenção da recaída, melhoramento da relação familiar, educação comunitário, etc.)

i.         Serviço da confraternidade depois de ter alta do período no hospital (por exemplo, o da Confraternidade Renovação e Apoio Mútuo)

j.         Outros serviços complementares de fornecimento de recursos sociais (incluindo creches e atribuição de habitação, etc.)

 

(3)      Resultados da análise:

 

(i)       O número dos que estão insatisfeitos com as instalações da consulta externa é 4,8 vezes mais dos que estão satisfeitos (respectivamente 30,5% e 6,5%), estão mais insatisfeitos nos seguintes aspectos:

Falta de instalações para a recuperação da constituição física.

Falta de lugar para permanecer durante o período de abstinência do vício a curto prazo.

Falta de lugar para actividades de educação social.

Insuficiência do trabalho de divulgação e do serviço extensivo ao exterior.

 

(ii) O número dos que estão satisfeitos com o funcionamento da consulta externa é 3 vezes mais dos que estão insatisfeitos( respectivamente 23% e 7,6%), estão mais satisfeitos nos seguintes aspectos:

Higiene ambiental da clínica

Medidas para proibir trazer ilegalmente drogas e álcool

 

(iii) O número dos que estão insatisfeitos com o acompanhamento consequente e o serviço de prestação de recursos sociais é 1,4 vezes mais do que o dos que estão satisfeitos.

 

 

 

 

(iv) O número dos estão satisfeitos com as instalações dos lares é muito aproximado do dos que estão insatisfeitos (1,2 : 1):

Entre as diversas instituições, os inquiridos estão mais satisfeitos com as instalações e lugares de serviço do Desafio Jovem e da Associação Reabilitação de Toxicodependentes;

Os inquiridos estão satisfeitos com todos os acessos ao serviço extensivo ao exterior instalados pelos lares na zona norte de Macau.

 

(v)      O número dos que estão satisfeitos com o funcionamento dos lares é 2,5 vezes mais dos que estão insatisfeitos (respectivamente 33% e 13%), de que estão mais satisfeitos com os seguintes aspectos:

Higiene ambiental;

Atitude do serviço dos trabalhadores;

Medidas de segurança nos lares.

 

(vi) O número dos que estão insatisfeitos com o serviço de acompanhamento consequente é 1,8 vezes mais dos que estão satisfeitos (respectivamente 30% e 16,4%), estão mais insatisfeitos nos seguintes aspectos:

Falta de lugares para o desenvolvimento de actividades de educação social para os que tenham saído deles, em todos os lares;

Falta do serviço de acompanhamento consequente, sobretudo, o de acompanhamento à família;

Falta do serviço complementar de prestação de outros recursos sociais;

Falta de ligações estreitas entre as organizações de apoio mútuo.

 

(5) Limitações da análise:

(a)       Nem todos os inquiridos utilizaram o serviço de consulta externa e o de tratamento por internamento voluntário no lar;

(b)      As percentagens dos que receberam os diferentes modelos de tratamento da toxicodependência são diferentes;

(c)       A maioria dos inquiridos não utilizaram o processo completo de acompanhamento consequente, razão por que não puderam exprimir suas impressões e opiniões;

(d)      Os comentários dos inquiridos são diferentes, porque as opiniões de cada um tinham a ver com o seu costume e a esperança na qualidade de vida; assim, o que satisfizesse esta pessoa poderia não satisfazer outra. Por isso, estes resultados do inquérito só pode servir de referência quando de elaboração do novo programa.

 

 

III. Opiniões dos Membros dos Grupos em Foco (Reabilitados de Toxicodependentes/Consumidores de Estupefacientes na Rua)

sobre o Serviço de Tratamento

 

(1)         A maioria das instituições de tratamento têm um pano de fundo religioso e têm estabelecido demasiadas regras e disciplinas, que são difíceis de ser aceites, durante um espaço de tempo relativamente curto, pelos utentes que neste período sentem dificuldades no abandono de seus vícios (como o tabagismo), razão por que para muitos utentes é fácil violar os regulamentos e disciplinas do lar e alguns deles saem do lar a meio do tratamento devido à difícil adaptação.

(2)         Os medicamentos receitados na consulta externa não têm eficácia evidente; acrescentando-se-lhe que o sucesso do tratamento na consulta externa depende muito do autodomínio individual, o êxito deste tipo de modelo de tratamento tem sido reduzido.

(3)         Aos modelos de tratamento faltam diversidade; a maioria dos membros dos grupos expressaram que era necessário seguir o programa de Metadona, fomentado em Hong Kong, e tentar criar em Macau um centro de Metadona para fornecer mais uma opção aos que estejam determinados a abster-se do vício.

(4)         A lotação e dimensão da Unidade de Tratamento de Reclusos Toxicodependentes no Estabelecimento Prisional de Macau são relativamente insuficientes e pequena, não podendo satisfazer a necessidade daqueles toxicodependentes cuja vontade de abandonar o vício ainda é relativamente pequena. Alguns membros dos grupos consideram que o "tratamento compulsivo" pode ter certa eficácia e é conveniente para aqueles toxicodependentes com pouca decisão de se abster do vício, o mesmo dizendo que algumas toxicodependentes só poderão abandonar o vício através da submissão a tratamento compulsivo.

(5)         O apoio económico no processo do serviço de aconselhamento consequente não se coordena com as necessidades nas diversas etapas de reabilitação. Por exemplo, depois de cumprido o processo de tratamento, o necessitado tem que esperar durante um certo período de tempo para receber o apoio económico, não podendo recebê-lo oportunamente no momento crucial.

(6)         A taxa de ingresso na Residência Temporária é demasiado baixa, uma das causas é as condições de admissão serem demasiado rigorosas. Por exemplo, não se admite o pedido daqueles que têm familiares. Além disso, falta de aconselhamento consequente; aos utentes com acções de desvio, só lhes é aplicado castigo disciplinar, mas não corrigem os erros através da educação paciente.

(7)         Os processos de tratamento e reabilitação de instituições são incompletos, especialmente os seus serviços de formação profissional e apoio de emprego. As autoridades devem criar um serviço especial para ajudar os reabilitados da toxicodependência a procurarem emprego, porque o mundo exterior alimenta demasiados preconceitos sobre eles, de modo a que sentem que se encontram num beco sem saída e abandonados a si mesmos.

(8)         A criação da Confraternidade Renovação e Apoio Mútuo é sem dúvida um grande progresso, mas esta deve melhorar a sua gestão e o seu trabalho no aspecto de apoio à procura de emprego. Quanto à sua gestão, não deve apoiar-se, de modo excessivo, no serviço de voluntários e reabilitados da toxicodependência. Actualmente, embora a Confraternidade seja subsidiada pelo IAS, carece de apoio social; especialmente no que diz respeito à organização de actividades e à participação em actividades sociais, a instituição necessita de procurar mais apoios de trabalhadores profissionais. Por outro lado, também deve aperfeiçoar o mecanismo de admissão de membros e desenvolver as funções da direcção da Confraternidade, reforçando por exemplo o apoio a familiares dos seus membros (incluindo o estudo dos seus filhos e cuidados deles em tempos extra-escolares) e o subsídio de meios de transporte aos membros que estejam a procurar emprego.

(9)         As toxicodependentes têm maiores dificuldades na sua procura do modelo de tratamento para a abstinência do vício: Se optarem pelo tratamento por consulta externa, ser-lhes-á muito difícil não permitir aos familiares saberem disso e também será muito difícil ganhar o seu entendimento e apoio; se optarem pelo tratamento por internamento no lar, custar-lhes-á deixar seus filhos e outros familiares. Por outro lado, para as que tenham cônjuges ou amantes também com o vício de se drogar, se não contarem com a coordenação da parte oposta no tratamento da toxicodependência, o seu plano de tratamento será difícil de ser bem sucedido. Para as novas imigrantes, a sua adaptação à vida no novo ambiente social vai-se tornar mais árdua a sua abstinência do vício e reabilitação. Mas, até agora estes problemas ainda não foram considerados pelo Governo, para não falar já da sua solução.

(10)      Opiniões dos consumidores de estupefacientes na rua sobre o tratamento: Quanto à pergunta no questionário "Se você nunca se submeteu oficialmente a tratamento da toxicodependência ou só recebeu o tratamento uma vez e não voltou a tentar, então diga o porquê? " as respostas são as seguintes: (i) A instituição de tratamento não vale; (ii) As regras da instituição de tratamento são demasiado rigorosas; (iii) Se eu ingressar no lar de tratamento, ninguém me vai ajudar a cuidar da família; (iv) Queria ir receber o serviço de tratamento por consulta externa, mas não tinha lugar para me alojar. Tudo isso reflecte a insuficiência do trabalho de divulgação e do serviço de apoio social nesta matéria.

(11)      Propostas dos consumidores de estupefacientes na rua sobre a melhoria das instalações de tratamento: (i) Adoptar o modelo de tratamento por internamento no lar com adequadas instalações médicas e adoptar medicamentos eficazes; (ii) Reforçar a divulgação comunitária e simplificar as formalidades do pedido; (iii) Prestar maior atenção ao tratamento das co-morbosidades causadas pelo consumo de drogas, tais como a hepatite, cardiovalvulitis e obstrução dos vasos sanguíneos, etc. e criar uma consulta urgente especialmente para os consumidores de drogas; (iv) Prestar o serviço de exame gratuito de soro imune aos toxicodependentes; (v) Reforçar o serviço de acompanhamento consequente (mas alguns reabilitados que saíram do hospital/lar expressaram que se algum assistente social os acompanhassem e superintendessem, seria aborrecido); (vi) Aumentar o apoio de benefício; (vii)  Dada a falta dos trabalhos de promoção, os toxicodependentes não sabem como diminuir a sua vontade de consumo de drogas, este reflecte que os mesmos não aceitam muito o papel de aconselhamento que os assistentes sociais têm desempenhado, pelo que se deve aumentar os trabalhos de promoção bem como estimular os toxicodependentes a procurar mais apoios dos assistentes sociais.

 

 

IV. Necessidades dos inquiridos Toxicodependentes sob Tratamento sobre o Serviço de Apoio Social

 

O mapa de cima mostra a situação dos serviços de que beneficiaram os inquiridos nas suas experiências passadas de tratamento e graus da sua necessidade sobre os serviços futuros segundo a situação de vida e dificuldade em que se encontram actualmente. Comparando as percentagens correspondentes, vemos que entre elas existem distâncias significativas, o que significa que o serviço social ainda tem brilhantes perspectivas de desenvolvimento nos planos tanto quantitativo como qualitativo. A maioria dos membros dos grupos de foco consideram que é muito insuficiente o serviço médico; por exemplo, apesar de o exame físico realizado antes do tratamento ter registado melhoramentos, os utentes não podem receber o tratamento adequado das doenças causadas pelo abuso de estupefacientes. Actualmente, os fundos lançados pelo Governo na solução do problema relativo à droga ocupam apenas 0,58% do total das despesas públicas (esta percentagem em Hong Kong atinge 0,8%), o que mostra claramente o grande espaço de desenvolvimento.

 

 

Mapa 48  Comparação da situação dos serviços de que beneficiaram os 108 inquiridos depois de se terem submetido ao tratamento da toxicodependência e o grau da sua necessidade dos serviços futuros

Tipo de serviço

Percentagem dos que beneficiaram dos serviços

(n.º=108)

Percentagem dos que consideram que têm a necessidade dos serviços futuros (N.º=108)

Atribuição de habitações

11%

68%

Tratamento médico (incluindo o dos serviços de medicina interna, cirurgia, psiquiatria, odontologia e doenças contagiosas)

21%

66%

Aconselhamento à família

18%

56%

Apoio de emprego

35%

90%

Apoio económico

19%

83%

Apoio judicial

1,9%

30%

Organização de actividades recreativas

/

55%

 

 

Quanto à pergunta "As actuais instalações de tratamento podem ou não satisfazer a necessidade dos consumidores de drogas?", as respostas dos inquiridos são as seguintes:

 

Mapa 49  Opiniões dos inquiridos sobre a situação das actuais instalações de tratamento (n.º dos inquiridos =108)

Consideram-nas demasiado diminutas é necessárias serem ampliadas.

66(61,6%)

a. Ampliação do tratamento na consulta externa (incluindo o tratamento de Metadona) (n.º = 66)

32(48,5%)

b. Ampliação do tratamento de internamento voluntário no lar (n.º = 66) 

20(30,3%)

c. Aumento de vagas para a admissão de mais reclusos toxicodependentes  (n.º = 66)

14(21,2%)

Consideram-nas adequadas

32(30%)

Consideram-nas demasiadas

10(9,3%)

 

É claro que o resultado do inquérito mostrado pelo mapa de cima só pode servir de referência, porque estes inquiridos não sabiam o número total dos consumidores de drogas em Macau e as suas opiniões acima mencionadas foram expressas principalmente segundo suas impressões tidas quando pediram o apoio de tratamento da toxicodependência e o tempo de espera para obter o serviço. Por outro lado, a taxa de utilização das camas das instituições estavam relacionadas com a taxa de desistência de utentes a meio do tratamento. Mas a desistência de utentes a meio do tratamento ocorre frequentemente devido à instabilidade do seu humor, razão por que não pode ser tomada como único factor para a avaliação da gestão da instituição. A seguir, vamos avaliar o serviço de tratamento da toxicodependência conforme as opiniões dos responsáveis e dos trabalhadores das próprias instituições.

 

 

V. Opiniões do Pessoal das Instituições sobre o Melhoramento do Serviço de Tratamento da Toxicodependência

 

Através da visita aos responsáveis das instituições e da participação nas discussões com os trabalhadores das instituições, conseguimos recolher as seguintes opiniões principais:

 

(1)         No aspecto do tratamento médico: o pessoal das instituições de tratamento evangélico consideram que o medicamento não vale muito para a abstinência do vício, mas os cuidados prestados por reabilitados têm eficácias evidentes neste aspecto; o exame físico e a prevenção e tratamento das doenças causadas pelo consumo de drogas, especialmente a hepatite C e a tuberculose pulmonar, devem ser mais considerados. Alguns responsáveis das instituições de tratamento não evangélico consideram que o Governo deve pensar tomar medidas para a prevenção da partilha de seringas, de modo a controlar a propagação da hepatite B e C e o HIV junto aos consumidores de drogas.

(2)         No aspecto de transferência para o tratamento da toxicodependência:  actualmente, a maior parte das instalações tem-se disposto do serviço extensivo ao exterior no lugar onde os toxicodependentes se juntam frequentemente, mesmo algumas dessas instalações atribuem arroz a estes com o objectivo de os persuadir à desintoxicação. Além disso,   a Consulta Externa também procede ao serviço de transferência de vez em quando, os inquiridos consideram que o tribunal deve transferir mais criminosos toxicodependentes para as instituições de tratamento para internamento no lar, assim, por um lado, os interessados podem ter mais oportunidades de se emendar para começar uma nova vida, por outro lado, esta medida pode promover o desenvolvimento das instituições de tratamento da toxicodependência.

(3)         No aspecto do ambiente das instituições: embora as instituições de tratamento sitas nos edifícios habitacionais possam fornecer maiores facilidades aos toxicodependentes, a taxa de internamento destes nem sempre é satisfatório. Como o ambiente é geralmente e estreito e o espaço é limitado, ocorrem conflitos entre os utentes, o que tem feito chegar a 70% a taxa de desistência do lar a meio do tratamento. O Governo já conhece esta situação e  está a procurar novas sedes. Quanto à casa de tratamento de toxicodependência instalada na Ilha de Coloane, é relativamente espaçosa. Como a formação profissional é de processo principal de desintoxicação, deve-se construir oficinas de diversos tipos para o estudo e formação profissional dos utentes.

(4)         No aspecto do pessoal de serviço e formação: regra geral, as instituições de tratamento são pequenas, mas o seu processo de tratamento é também complicado, motivo por que o pessoal é insuficiente, pelo que o responsável tem que desempenhar ao mesmo tempo os papeis de oficial administrativo, inspector e assistente social da linha da frente, a par disso, o serviço extensivo ao exterior só pode ser gerido por um reabilitado.

(5)         No aspecto do pessoal profissional: O pessoal profissional é insuficiente, muito poucos profissionais dedicam-se ao trabalho de tratamento, os trabalhadores em geral só têm a habilitações académicas de curso primário e não podem acompanhar a vida dos utentes que tenham saído do lar. Os trabalhadores reabilitados também têm dificuldades às vezes no tratamento dos problemas de reabilitados, porque estes confundem o seu papel com o dos reabilitados. A Confraternidade Cristã Vida Nova não tem nenhum trabalhador para ficar de plantão de dia, o que afecta directamente a taxa de uso da instituição. Quanto à formação de empregados, o Departamento de Prevenção Primária do IAS organiza anualmente seminários de estudo ou oficinas para renovar seus conhecimentos, mas a intervenção excessiva de funcionários públicos neste trabalho desfavorece o desenvolvimento das próprias instituições. Por isso, é necessário estabelecer um conjunto de orientações relativas ao serviço de aconselhamento dos toxicodependentes sob tratamento e um quadro do pessoal profissional relativamente normalizado para manter o equilíbrio entre o apoio governamental e a independência da gestão administrativa das instituições particulares subsidiadas.

(6)         No aspecto de projecto do processo: O processo geral de tratamento da toxicedependência presta maior atenção ao tratamento dos problemas de vida dos utentes e é ainda incompleto nos aspectos de desenvolvimento de treinos para a prevenção da recaída, alteração de comportamento de utentes, aconselhamento à família e utilização de apoio social. Alguns empregados consideram que ficar internado no lar num espaço de tempo demasiado longo pode fazer com que os utentes percam o objectivo de vida; outros consideram que o actual funcionamento da Casa de Reabilitação não é satisfatório; as instalações de tratamento para as toxicodependentes são muito insuficientes; a Associação Renovação e Apoio Mútuo preciso de um mecanismo ou canal para recrutar novos membros; as outras associações de solidariedade social não prestam apoio real à aceitação de reabilitados da toxicodependência; não há boa coordenação entre o serviço de tratamento e outros tipos de serviço social; o processo do serviço de tratamento não se tem sido estendido para o serviço de acompanhamento consequente dos reabilitados que tenham saído do lar, mesmo os reclusos toxicodependentes também não têm sido compulsivamente acompanhados e superintendidos depois de terem postos em liberdade. Todos estes são defeitos da maioria das instituições de tratamento de toxicodependência e, por isso, o número dos casos de tratamento bem sucedidos não tem registado aumento evidente.

(7)         No aspecto do problema relativo ao consumo trans-fronteiriço: Alguns trabalhadores da linha da frente disseram que tinham dificuldade no contacto com os consumidores de drogas trans-fronteiriços, porque a maioria deles passavam pela alfândega durante a norte; para os que têm familiares que vivem em Zhuhai, os assistentes sociais têm grandes dificuldades na efectuação do aconselhamento familiar para lograr o seu apoio. Estima-se que há mais de 100 toxicodependentes que vagueiam pelos pontos secretos ao longo da fronteira de Zhuhai (como por pensões de nível inferior) e alguns deles são controlados por traficantes de drogas. Entre os toxicodependentes de Macau, muitos tem gastado grandes quantidades de dinheiro para se submeterem a tratamento no interior da China, mas só muito poucos têm saído bem sucedidos. A facilidade da passagem fronteiriça e o preço barato de drogas no interior da China são causas principais do consumo trans-fronteiriço. Em virtude de todo isso, é necessário reforçar a divulgação contra a droga na zona fronteiriça e tomar medidas mais eficazes para controlo dos passageiros trazerem drogas ilegalmente.

(8)         Os trabalhadores da linha da frente tanto das instituições particulares como dos serviços governamentais consideram que é preciso organizar reuniões para promover a comunicação recíproca e a cooperação com as instituições que se dedicam a outros tipos do serviço de apoio social.

 

 

VI. Propostas sobre o Reforço da Gestão do Serviço de Tratamento da Toxicodependência e sobre a Elevação da Sua Eficácia

 

1.   Recursos humanos: Propõe-se que sejam recrutados trabalhadores competentes e bem preparados, especialmente os projectores e executores do processo de tratamento, porque eles sabem bem quais são os elementos essenciais para assegurar a eficácia do processo de tratamento e de reabilitação e sabem aplicar os conhecimentos profissionais nas situações reais. Da análise dos dados dos trabalhadores na área de tratamento e reabilitação da toxicodependência, verificou-se que o Governo, nomeadamente a Divisão de Tratamento e Reinserção Social, dispõe de mais trabalhadores com curso superior em relação às instituições particulares, cujo pessoal tem, em geral, um nível de instrução mais baixo, sendo a sua maioria com curso primário, o que coloca certas limitações no desenvolvimento dos seus trabalhos.

 

Nos quadros de pessoal das diversas instituições de tratamento da tocicodependência de Macau, verificam-se os seguintes problemas a resolverem urgentemente:

 

(1)        As habilitações académicas são geralmente demasiado baixas; o responsável do centro que assume ao mesmo tempo as funções de gestão, superintendência, projecto e execução do processo, apresentação de relatórios ao mundo exterior e à direcção superior sobre a situação da execução das suas funções, pelo que deve possuir os conhecimentos e experiências correspondentes para cumprir adequadamente as suas diversas missões. Claramente não é estranho que no período inicial do nascimento da instituição, por diversas causas históricas e religiosas, surjam alguns defeitos no uso e disposição de recursos humanos e no futuro é indispensável reforçar a sua formação e recrutar mais e melhores assistentes sociais profissionais para fortalecer a força das instituições e elevar a qualidade dos seus trabalhadores.

(2)        A taxa de desistência do pessoal é elevada: Como os trabalhadores de tratamento de toxicodependência enfrentam amiúde a situação perigosa e a eficácia do tratamento é difícil de ver, isto pode fazer com que os trabalhadores sintam que o êxito do seu trabalho não seja bom e, assim, possam ficar deprimido e abandonar o posto. Por outro lado, não é fácil recrutar novos trabalhadores adequados, assim, as instituições cuja taxa de internamento é satisfatória sentem frequentemente a insuficiência de braços. Entretanto, entre o pessoal das instituições de tratamento evangélico, parte deles são voluntários , com base nisso, surge o problema de instabilidade de pessoal, o que leva à perda do sentido de pertença por parte dos trabalhadores afectando o desenvolvimento destas instituições.

(3)        Entre o pessoal dedicado ao trabalho de tratamento e reabilitação, a percentagem dos reabilitados é demasiado alta. Os números dos diversos tipos de pessoal, incluindo trabalhadores reabilitados e não reabilitados, profissionais, semi-profissionais e não profissionais, a tempo inteiro e a tempo parcial, dentro da equipa de trabalho, devem manter-se em percentagens adequadas.

(4)        A formação profissional de pessoal é insuficiente: o problema da toxicodependência, tanto no aspecto da própria droga como no âmbito dos comportamentos dos consumidores, sofre sempre diversas mudanças, motivo por que é muito importante tomar novas contramedidas e organizar os trabalhadores interessados para estudar novas técnicas de tratamento e de aconselhamento. As instituições de tratamento têm a obrigação de fornecer aos seus trabalhadores oportunidades de frequentar diversos cursos de formação especializada. É pena que a ideologia de alguns responsáveis de instituição seja rígido, recusando a formação de seus trabalhadores e estando estes diariamente ocupados com os assuntos administrativos e não têm tempo para o desenvolvimento do processo de tratamento, o que conduz que o serviço da instituição fique frequentemente ao nível básico. Por consequente, os trabalhadores devem ser enviados para regiões vizinhas a fazer visitas ou estágios quando regressarem, informar sobre suas impressões e compreensões a sua direcção e colegas de trabalho.

(5)        Papel de superintendente e coordenador da Divisão de Tratamento e Reinserção Social do IAS: Actualmente, esta Divisão desempenha o papel de intermediário, concede apoio técnico e financeiro às instituições particulares para promover o seu desenvolvimento. Mas, para elevar a qualidade dos trabalhadores das instituições, deve elaborar uma norma de recrutamento de pessoal, por exemplo, antes de recrutar, é necessário definir a escala de funções e a exigência da qualificação profissional. É preciso que a Divisão de Tratamento e Reinserção Social participe no processo do respectivo deferimento, assim como coordenar com o órgão decisivo, por exemplo, o conselho de administração da instituição. Actualmente, o Governo presta grande atenção à educação dos novos trabalhadores, à formação de trabalhadores no serviço e à realização de reuniões regulares de empregados.

(6)        Aproveitamento de reabilitados no serviço de aconselhamento e a sua superintendência: das experiências da "Sociedade para a Ajuda e Reabilitação de Consumidores de Drogas de Hong Kong", revela-se que é necessário exercer a superintendência adequada sobre esta esfera, o qual poderá aumentar a eficácia do referido trabalho e contribuir para o desenvolvimento do processo de tratamento e o espírito de equipa. Claro, a responsabilidade de superintendência deve cair nos ombros dos assistentes sociais especializados, porque além de técnicas de trabalho, o aconselhamento de reabilitados precisa muito da atenção dos assistentes sociais experimentados tanto ao tratar diversos tipos de crise como ao enfrentar a perturbação emocional.

(7)        Quanto à estrutura do pessoal profissional inter-disciplinar: Neste aspecto é preciso fazer adequadas avaliações sobre a sua necessidade, execução e eficácia.

 

2.   É necessário prover de pessoal de acompanhamento e aconselhamento residente na instituição(on-site) e de pessoal de acompanhamento e aconselhamento consequente (off-site): os inquiridos consideram que actualmente o ponto chave do serviço de tratamento é colocado principalmente na etapa de  internamento dos utentes que optam tanto pelo tratamento por consulta externa como por internamento voluntário no lar, e mesmo para os reclusos toxicodependentes a situação é igual. De facto, o trabalho de acompanhamento consequente não só é muito importante, mas também é a parte mais difícil em todo o processo do serviço de tratamento. No que diz respeito ao problema  este trabalho deve ser realizado pelo mesmo assistente social especializado que tenha assumido o da etapa de internamento, julgamos que isso não importa; sempre que o trabalho seja coerente, será aceitável; claro, quanto menos mudanças de pessoal interessado no processo do trabalho de aconselhamento, melhor sucedido sairá este trabalho e mais beneficiarão os utentes no processo do seu crescimento.

 

3.   Sistema de gestão de casos: O êxito do serviço completo ideal depende das seguintes condições: (i) Reforçar a vontade de desintoxicação através do serviço extensivo ao exterior. (ii) Elaborar o plano de tratamento individualizado, estabelecer um mecanismo de transferência entre o tribunal e as instituição particulares de tratamento para satisfazer as diferentes necessidades de pessoas que peçam o apoio de tratamento; o conceito de gestão de caso pertencente à coordenação entre os pedintes do apoio que tenham necessidades especiais (tais como os desalojados, doentes mentais e toxicodependentes que ingressem e saiam repetidamente da prisão) e as instituições do serviço especializado. (iii) Estabelecer um mecanismo adequado do serviço de acompanhamento e aconselhamento consequente, incluindo o período de acompanhamento efectivo, o sistema de cooperação com as instituições de apoio social e modos de tratamento que contam com a própria família. (iv) Taxa razoável entre o número de pessoal e o número dos casos.

 

4.        Diversidade dos modelos de tratamento: Se reconhecermos que um toxicodependente pode abster-se completamente do vício só através de várias ou mesmo mais de dez vezes de submissão ao tratamento, então é razoável tentarmos fornecer-lhe diferentes modelos de tratamento ou diversas oportunidades para que possa alcançar com antecipação a sua meta de se abster com sucesso do vício. Muitos inquiridos expressaram tentar praticar o programa de tratamento de Metadona, embora alguns trabalhadores de instituições de tratamento considerem que este programa pode enfraquecer a determinação dos toxicodependentes de abandonar o vício. No entanto, devemos pensar seriamente a seguinte situação existente na sociedade de Macau: as pessoas que se entregam à prostituição, não gostam do modelo de tratamento por longo internamento no lar; além disso, conforme os dados da Divisão de Tratamento e Reinserção Social do IAS, o problema do tráfico feminino de drogas torna-se cada vez mais grave, mas excepto da prisão, não há melhor remédio para atenuar esta tendência. Nestas circunstâncias, a clínica de tratamento de Metadona pode concentrar os problemas difíceis de resolver e pessoas difíceis de contactar (por exemplo, consumidores de substâncias psicotrópicas) e, em primeiro lugar, fazer alguns trabalhos para os toxicodependentes visando reduzir os prejuízos e mudar progressivamente o seu comportamento assim como reforçar a sua vontade de desintoxicação.

 

5.        Reforçar a investigação e estudos sobre o abuso de estupefacientes múltiplos e problemas por ele produzidas: o abuso de estupefacientes múltiplos está a tornar-se uma tendência, além das propriedades específicas de medicamentos múltiplos e das consequências do seu abuso, os motivos do abuso, os problemas por ele produzidos bem como os métodos para a sua prevenção e tratamento são o maior desafio aos elaboradores da política sobre o combate à droga. Algumas pessoas que estão a ser submetidas ao tratamento da toxicodependência consideram que a eficácia dos actuais medicamentos para a eliminação do vício de se drogar não é evidente e, por isso, é preciso estudar novos métodos de tratamento adequados através da análise profunda do motivo do abuso de estupefacientes.

 

6.        Melhoramento do processo de acompanhamento consequente: Os actuais modelos de tratamento prestam a maior atenção às técnicas para a mudança da vida dos toxicodependentes em tratamento (tanto no período do seu internamento no lar como depois da sua saída do lar), ignorando o desenvolvimento dos capitais sociais e competência social (social capitals & social competence) dos reabilitados, tais como a rede de comunicação inter-pessoal, recursos comunitários, capacidade para enfrentar a adversidade, experiências pessoais e boas relações sociais, tudo isso é muito importante para a reinserção social. No fim de contas, em todo o processo de tratamento e reabilitação, não se deve transmitir somente métodos e técnicas para mudança da vida dos utentes, mas ainda se deve examinar em comum as eficácias da prática destes métodos e técnicas. Por isso, o tempo do internamento no lar, longo ou curto, não é frequentemente o problema chave que merece a maior atenção.

 

7.        Serviço do tratamento feminino: É preciso explorar a fundo a diferença sexual e as características das consumidoras de drogas de Macau e, com base nisso, elaborar um processo completo de tratamento adequado à necessidade das toxicodependentes submetidos a tratamento. Ao mesmo tempo, é também necessário considerar com seriedade os modelos e métodos de tratamento feminino, incluindo a introdução da "comunidade terapêutica" (therapeutic community). Actualmente, o trabalho de tratamento feminino em Macau ainda não é maduro e o número das traficantes de drogas tende aumentar, o que reflecte a necessidade urgente do serviço de tratamento feminino. Mas neste aspecto a falta pessoal administrativo competente e experimentado. Ao conceber as instalações para o tratamento feminino e elaborar o programa de tratamento feminino, é indispensável mudar a ideologia tradicional e imitar experiências de Hong Kong no tratamento feminino para projectar um modelo de tratamento adequado às características e necessidade das toxicodependentes de Macau, incluindo o tratamento por consulta externa de Metadona e a instalação de uma "comunidade terapêutica" especialmente para o sexo feminino.

 

8.        Serviço extensivo ao exterior e transferência do tribunal: O trabalho no âmbito da divulgação sobre o tratamento da toxicodependência pode estender-se da zona norte de Macau para Gongbei de Zhuhai e para a Freguesia de Santo António. Os membros experientes da Associação Renovação e Apoio Mútuo podem ajudar através de trabalho a tempo parcial em qualidade de reabilitado. Por outro lado, é necessário fazer cooperação com o tribunal para que tente autorizar mais reclusos toxicodependentes com uma história de consumo de drogas relativamente curta a optar pelo tratamento voluntário da toxicodependência, com o apoio de acompanhamento e superintendência por parte de assistentes sociais do Governo. Dado algum reabilitado ter uma crise recaída e voltar a consumir drogas após ter saído da instituição, nesse sentido, se a instituição de tratamento relacionada tiver falta de pessoal e recursos necessários, é necessário cooperar com a instituição dedicado ao serviço extensivo ao exterior para intervir na crise quando necessário e ajudá-lo a resolver o problema de recaída o mais rápido possível.

 

9.        Serviço de tratamento das instituições particulares: Já que as instituições particulares recebam o subsídio do Governo equivalente a 90% da despesa total, deve-se eleaborar regulamentos para o projecto do respectivo processo da instituição e efectuar uma avaliação sobre o seu resultado geral . Tudo isto será considerado pelo Governo no ano vindouro quando pensar conceder-lhes o subsídio. Ao avaliar a situação do serviço é necessário tomar em conta os dois aspectos do serviço - a qualidade e a quantidade dar a conhecer aos dados da referida avaliação aos beneficiários do serviço e a todo o público social (designadamente aos contribuintes) . (Ver o Capítulo IV do presente Relatório, Secção I (ponto C), em que se referem as características da personalidade dos consumidores de drogas e o projecto do processo de tratamento.)

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